terça-feira, 4 de junho de 2013

Os Maias

  

Os Maias, uma sugestão de leitura

Os olhares dos alunos do 11º E cruzam-se no universo de Os Maias. Fixam um momento marcante, uma personagem inspiradora, uma cor, um espaço envolvente. Segue-se o registo de impressões de leitura em ilustrações e breves comentários. Estímulos subjetivos que emergem, convidando a um novo olhar sobre o romance ou simplesmente à sua (re)leitura… 
 



 

 

 

 

 

 
Ilustração 1



texto1
Considero este momento determinante na relação amorosa entre Carlos e Maria Eduarda. Penso que nele existe um pouco de drama (“E não pôde mais, tombou para o chão (…) perdida de choro. “). Contudo, o amor, a bondade e a paixão de Carlos falaram mais alto (“…grandiosa bondade misturou-se à sua paixão.”), tornando o clima envolto em emoções. No fundo, diria que se transmite um certo tumulto de sentimentos. Por outro lado, o pedido de casamento pareceu-me diferente, não só pela maneira como foi feito ( “- Maria, queres casar comigo?”), mas também pelas circunstâncias em que ambos se encontravam, que não eram propriamente aprazíveis (“…perdida de choro.” “…ferido no coração.”).

Este poderia ter sido o desfecho do romance, um desfecho marcado pela  explosão de vários sentimentos contraditórios, indecisões, e pelo facto de o amor ter superado as adversidades. E superou, pelo menos momentaneamente!

                                                                  Débora Monteiro, 11º E
 
 
texto2
  A visita inesperada que Castro Gomes faz a Carlos constitui o início de uma peripécia destinada a testar o amor entre Carlos e Maria Eduarda, o elemento catalisador de uma catástrofe: ”Castro Gomes sentou-se vagarosamente. No peito da sobrecasaca muito justa trazia um botão de rosa; os seus sapatos de verniz resplandeciam sobre as polainas de linho; (…) os cabelos rareavam-lhe na risca; e mesmo a sorrir tinha um ar de secura, de fadiga.(…)

Carlos defronte, numa cadeira, com os punhos fortemente fechados sobre os joelhos, conservava a imobilidade de um mármore. Carlos recaíra na cadeira, assombrado. E agora a lentidão adocicada daquela voz ia-se-lhe tornando intolerável. O outro passou os dedos no bigode, e prosseguiu, devagar, arranjando as suas palavras com cuidado e precisão.”

 Eça de Queirós presenteia-nos com uma elevada dose de ironia, sendo delicioso observar a satisfação negra de Castro Gomes ao humilhar Carlos, desvendando o passado de Maria Eduarda.

                                     (Ana Margarida Cavaco, 11º E)
 
 Ilustração3
     Texto3

Maria Monforte, mãe de Maria Eduarda e de Carlos, arrebata com a sua beleza Pedro da Maia, assim que ele a vê no Chiado: “…oferecia verdadeiramente a encarnação de um ideal da renascença, um modelo de Ticiano.” Desperta-lhe uma paixão avassaladora, que nem o seu passado obscuro nem a oposição direta de Afonso da Maia conseguirão derrubar.

                                        (Sara Gonçalves,11º E)

 Ilustração 4
 
texto 4

 João da Ega é o amigo inseparável de Carlos da Maia, considerado em muitos aspetos como o retrato do seu próprio autor. Destaca-se pelas suas ideias polémicas, e também pela forma avassaladora como vive o amor por Raquel Cohen. Isabel Pires de Lima destaca a sua projeção e relevo, evidenciando as diversas facetas que a personagem assume no romance, aparecendo “ora como um Ega satânico, ora como um Ega positivista, ora como um Ega revolucionário, irreverente, ora como um Ega dândi, ora como um Ega cínico, ora como um Ega romântico, pobre diabo apaixonado, ora como o familiar John, íntimo do Ramalhete.”

                            (Mafalda Toco, 11º E)


 Ilustração5
 texto5
A Vila Balzac é referida n` Os Maias como "um chalezinho retirado, fresco, assombreado, sorrindo entre árvores. Passava-se primeiro a Cruz dos Quatro Caminhos; depois penetrava-se numa vereda larga, entre quintais, descendo pelo pendor da colina, mas acessível a carruagens; e aí, num recanto, ladeada de muros, aparecia enfim uma casota de paredes enxovalhadas, com dois degraus de pedra à porta e transparentes novos de um escarlate estridente."

  No seu quarto destaca-se a cama, que parecia ser o centro da casa, e "um largo cortinado de seda da Índia avermelhada envolvia-o num aparato de tabernáculo". Para Ega, este deveria ser um espaço onde “estudaria”.  Segundo ele,  esgotara ali a sua  imaginação artística. A cor predominante era o vermelho, sugerindo o culto do satanismo e a paixão. Ao lado da cama, estava um espelho que nos revela o lado narcisista de Ega. Espalhados pelo quarto estavam livros de autores de renome, que tornam evidente o seu lado intelectual, e que contrastavam com os diversos objetos deixados ali pelas mulheres que o visitavam, uma “…caixa de pó de arroz no meio de plastrões…”e “…ganchos do cabelo ao lado de ferros de frisar…”, denunciando o seu lado boémio e apaixonado.
                                                                              (Teresa Gonçalves, 11º E)