sábado, 15 de dezembro de 2012

Exposição de presépios


EXPOSIÇÃO DE PRESÉPIOS

A nossa vitrina continua animada, desta vez com presépios que foram cedidos por vários professores da ESPAN.
Muito obrigado a todos pela cedência dos belíssimos presépios que a comunidade pôde ver entre 3 e 14 de dezembro!

Agradecemos aos alunos da escola Galopim de Carvalho que, no âmbito da disciplina de EMRC, vieram visitar a nossa exposição e visualizar o filme HUGO.

sábado, 8 de dezembro de 2012

HUGO

 O Cinema à Terça encerra o 1º período com a projeção do filme A INVENÇÃO DE HUGO CABRET, desejando  a toda a comunidade escolar um Feliz Natal.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Eugénio de Andrade por Valter Hugo Mãe

Um dia, a Inês Lourenço quis apresentar-me ao Eugénio de Andrade e oferecer-lhe um livro meu. Éramos amigos, ela adorava-o, ele já tinha a sua fundação e marcava muito a vida das pessoas da poesia no Porto. Eu sabia que ele tinha um trato muito antipático. Frequentava as leituras e demais eventos da fundação e sempre me impressionava o modo trombudo como assistia. A sala rodeada de retratos seus, as pessoas todas observando-o na expectativa de saber se dos seus dedos algum pássaro nascia. Foi uma surpresa que a Inês Lourenço tivesse um livro meu na carteira. Foi uma surpresa que o tirasse da carteira no momento em que dizia ao poeta que queria muito apresentar-lhe um amigo, um jovem que considerava promissor. No mesmo instante, o Eugénio de Andrade tirou-lhe o livro da mão e, ainda mais trombudo, furioso como trovões, disse que estava farto de jovens e que não leria mais nada de ninguém. Disse que, se deixássemos ali aquela merda, aquela merda iria imediatamente para o lixo.A Inês queria encontrar um buraco para se meter. A mim, deu-me um certo ataque de riso. Não achei aquilo nada pessoal, mas fiquei nervoso, sem jeito. Era apenas uma indisposição, sim. Mas, na verdade, nada que não lhe fosse coerente.Hoje, percebo que gosto mais do Eugénio de Andrade do que gostava então. Mesmo antes do episódio antipático. Envelhecer é querer simplificar, tornar cada coisa mais límpida, elementar. Ganhar idade faz com que o Eugénio de Andrade deixe de ser apenas solar e passe a ser a pureza possível. Claro que ele devia angustiar por aspirar à pureza, distante dela como devia estar, como estamos todos. Mas a sua aspiração é o que conta e, no final, assim o identifica.Ler Eugénio de Andrade é passar a alma por água limpa. A sua poesia tem uma propriedade de higienização que nos permite a transcendência em vida, sem mais esquisitice que não o deslumbre.A Assírio & Alvim está a publicar, agora em grande e perfeição, a integral da poesia do Eugénio de Andrade. A cada volume, relemos os clássicos de sempre. Lapidares, como nascidos directamente da natureza do tempo. Como se o tempo fosse pronunciando o que lhe parece, maduro. Um tempo que se pensa, sábio. Alguns dos seus poemas não parecem trabalho de ninguém, são a respiração natural das coisas. A assombrosa manifestação do que demorou a eternidade para ter voz.Sempre vi o Eugénio de Andrade como um poeta ideal para os começos. Receitei os seus livros a todos os jovens, tão irónico parece isso agora, porque estive convencido de que não há melhor para seduzir para a leitura e a escrita. Hoje, percebo que os seus textos são sobretudo para quem quer chegar ao limite das palavras. Ali, onde elas acabam de ser palavras e passam a mexer nos nossos ossos com dedos.
                                                                                                                                  in, Público 4/12/2012